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  • Foto do escritorGustavo Fuhr

Era uma vez em Paris: PSG x Manchester United

Atualizado: 31 de jul. de 2019


O que aconteceu em Paris na última quarta-feira foi simplesmente memorável. O time da casa com uma vantagem larga, sobre um Manchester United remendado, com nove desfalques, entre eles jogadores importantes como Alexis Sánchez e Ander Herrera.

Mesmo assim, os gigantes ingleses foram magníficos, em todos os aspectos, menos com a bola nos pés. A questão é que o Paris Saint-Germain jogou o melhor futebol, manteve a posse de bola e teve as melhores chances.


O que dizem sobre a camisa pesar é realmente verdade. Romelu Lukaku, o belga artilheiro da equipe no campeonato inglês, ainda não havia marcado na competição continental.

Precisou de pouco menos de dois minutos para marcar o primeiro, em um erro crasso de Kehrer, um recuo mal feito, Lukaku passou pelo histórico Gigi Buffon e marcou, com muita raça, o primeiro gol.

A torcida se infla, mas o Paris ainda possui a vantagem, e seus jogadores sabem disso. Em boas sumidas de Bernat e Daniel Alves, a equipe conseguia trocar passes e passar facilmente pelo United, a observar as passagens constantes de Dí Maria por Bailly, zagueiro improvisado na lateral direita.

Mas o gol surgiu em uma desatenção (ou não) da zaga do United. Smalling e Lindelof voltavam para suas posições, Dí Maria abaixou-se para amarrar a chuteira, e de repente a bola veio em sua direção. Mas o alvo foi Mbappé, que se aproveitou da distração para sair em posição legal e cruzar a bola para Bernat empatar o jogo.

Tudo indicava uma classificação árdua, mas ainda assim garantida a equipe francesa. O Manchester não conseguia criar jogadas pelo meio, tendo lampejos nos contra-ataques com Rashford e Lukaku.

Com as inúmeras ausências, o belga saia da área constantemente, atuando como atua na seleção, como uma espécie de ponta com muita força física, capaz de vencer combates na velocidade e na força.


Andreas Pereira estava húmido e Ashley Young foi realocado para atuar mais avançado, o que não durou por muito tempo.

As constantes investidas de Dí Maria e Bernat pela lateral direita dos ingleses forçou Solskjaer a mexer na equipe ainda no primeiro tempo. Bailly foi sacado de campo para a entrada de Diego Dalot, que se encarregaria pela parte ofensiva da ponta, enquando Young voltaria a atuar na lateral.

A posse de bola era muito gritante, chegando a incríveis 70% para a equipe francesa. Fred não conseguia colocar velocidade na equipe inglesa, deixando a transição acontecer apenas pelas laterais. Do outro lado, a equipe contava com os desarmes precisos de Verrati e a velocidade de Mbappé, que em duas oportunidades, comprometeu contra-ataques que eram vitais para matar a partida. O ponto negativo era Draxler, substituto de Neymar. Ele não conseguiu ditar o ritmo da partida, estava apático, realizando passes curtos e laterais, sem a profundidade ou criatividade do brasileiro.

E um erro comprometeria a equipe francesa. Em um chute fraco, o gramado molhado pode ter prejudicado Buffon, que acabou batendo roupa e largando a bola aos pés de Lukaku, que teve o trabalho de empurrar para as redes. Dois a um Manchester United. Os olhares eram apreensivos e as câmeras da transmissão volta e meia procuravam Neymar, nos camarotes e Cavani no banco de reservas.


Segundo Tempo


Foi apático de ambos os lados. O United mostrava-se limitado, apostando na velocidade e nos contra-ataques, que não eram permitidos pela tranquilidade do Paris. O jogo era tranquilo, sem chances, sem investidas, o PSG controlava a bola no meio campo enquanto o United procurava as melhores oportunidades para investir contra os franceses.

Lukaku brigava muito entre Thiago Silva e Kimpembe, enquanto Marquinhos e Kehrer ficaram responsáveis por Rashford. O jovem lateral alemão, responsável pelo erro do primeiro gol, limitava-se a ir apenas até uma certa parte do gramado, próximo a linha do meio campo, então retornava para auxiliar na contenção e na saída de bola.

Kimpembe carregava a bola com frequência, pelos espaços e pela forma que o United recuava quando a equipe francesa estava com a posse da bola. Isso deixou Marquinhos um pouco perdido no gramado, este não dava opção ofensiva, sem infiltrações, com boa saída de bola e marcação, o técnico logo sacou Kehrer e Draxler e modificou a equipe para que trabalhasse mais pelo meio do que pelas laterais.

Solskjaer foi obrigado a usar de seus garotos da base. O holandês Chong, de apenas 17 anos, entrou em campo para tentar auxiliar os ingleses ofensivamente, mas parecia nervoso e demasiado empolgado, errando nas marcações e dando pouca opção de passe.

O outro colocado em campo foi Mason Greenwood, artilheiro das categorias de base, também de apenas 17 anos. Solskjaer promoveu a subida de cinco garotos da base, para suprir as faltas que as lesões causaram ao time inglês.


O acréscimo estava assinalado, o clima no jogo era morno, o United tentava sem muita pressão. A única chance do segundo tempo foi uma bola de Bernat na trave, após novo erro de Mbappé cara a cara com David De Gea.

Próximo aos 90 minutos, cinco adicionais, um chute mudaria toda a história da partida e dos presentes em tamanho evento. Dalot finalizou da entrada da área, a bola desviou em Kimpembe e foi para fora. Sem reclamações, o United se preparava para bater o escanteio quando o juiz pediu para parar o jogo.

O sistema de vídeo o chamou para analisar a jogada. Toque de mão dentro área. O clima era tenso. Os jogadores do PSG imploravam para o juiz considerar a marcação de campo, com expressões preocupadas, reclamavam. Os garotos do United estavam apreensivos, eufóricos, era o jogo da vida deles. E a decisão foi anunciada.

Pênalti para o Manchester. Kimpembe estava prestes a repetir a cena de Thiago Silva na copa de 2014, com o choro engasgado na garganta. Mbappé, Dí Maria, Daniel Alves, nenhum deles parecia acreditar no que estava acontecendo.


A imprensa francesa publicou, dias antes da decisão, que uma desclassificação nessas condições seria pior que o 6x1 sofrido para o Barcelona, em uma virada história. O clima era de tensão absoluta, jogadores com olhares atônitos, perplexos, estava tudo ali, tudo nesse momento, o segundo que poderia decidir a vida dos protagonistas e dos milhares de torcedores, presentes no estádio, nos bares franceses e ingleses, em suas casas, ao redor do globo. Tudo estava por um fio, o êxito, a surpresa, a história a ser escrita. E ela foi escrita. O camisa 10, Marcus Rashford, caminhou para bola, e com extrema frieza, uma verdadeira Antártida humana, colocou a bola precisamente no canto direito alto de Buffon.

A explosão foi incrível, as câmeras buscaram Neymar e Cavani, incrédulos. Imediatamente o técnico alemão Tomas Tuchel colocou o uruguaio em campo no lugar de Dani Alves e partiram para o abafa. Mas não abafaram. Não fizeram mais do que fizeram o jogo todo, trocar passes em torno da área inglesa e cruzamentos sem alvos.


Após longos acréscimos, o apito final foi ouvido, e os jogadores do United explodiram, os garotos visivelmente emocionados, o técnico, todos extasiados por entrarem praticamente eliminados, e saírem completamente classificados.

Mais uma vez os torcedores do PSG viram seu elenco galáctico, seus rios de dinheiro, caírem para a determinação, pelo amor a camisa ou pelo chamado tamanho de camisa.

Apesar do investimento, da frieza, a contratação de um técnico capaz de conversar e apaziguar o elenco, nada elevou o patamar do PSG, que novamente foi eliminado de forma dramática e foi degrau para times gigantes escrevem suas histórias.

O que será necessário ao PSG para que, um dia, venha a conseguir feitos como conseguiu o inglês United? Esse dia sequer chegará? Só o tempo irá nos dizer, a única contestação a ser feita é que o futebol é a fantástico por possibilitar histórias como essa.

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